Inspirado em artigo clássico de Frederick Herzberg:
On more time; how do you motivate employees?
Há vários truques para alguém
conseguir que um cachorro faça alguma coisa. Um deles seria o “Truque do Chicote”:
dê uma surra no cão e, assim que você o ameaçar de novo, o medo fará com que
ele obedeça. Muito grosseiro, ninguém chamaria isto de motivação. Outra ideia é
o “Truque da Sedução”. Dê uma guloseima cada vez que o cachorro fizer o que
você quiser. Muitos diriam que você motivou o bicho, pois, na expectativa de
ganhar outra recompensa, ele fará o desejado por você. Muito elegante, além de
o dono do cachorro ser considerado uma pessoa gentil pelos seus amigos.
Entretanto, o animal não estará motivado, mas adestrado.
Usar o Truque do Chicote pode
ser perigoso pela reação possível de um cão bravo, ou do subordinado agressivo
revidando a grosseria. Melhor ardil, na empresa, seria usar o “Truque da
Sedução”: recompensar os subordinados com brindes quando conquistam metas ou
são obedientes às normas. Qual é o problema? Afirmaria uma pessoa cética:
afinal, gerenciar é fazer que façam; a astúcia leva os subordinados
trabalharem, seja adestramento ou não. Todavia, ambos os truques não funcionam
para sempre e trazem problemas sérios de gestão no futuro.
O “Truque do Chicote” só
funciona quando o chefe está por perto acenando com o castigo. Quanto ao “Truque
da Sedução”, em alguns meses os subordinados incorporam as recompensas
recebidas ao seu pacote natural de benefícios e as tomam como nada além da
obrigação da empresa. Para que mantenham o poder de sedução, a quantidade de
guloseimas deve ser aumentada sempre, assim como os viciados necessitam de
doses maiores de drogas.
Se um gato cometer a
insensatez de pular no quintal de uma casa, os cachorros, sem que haja
recompensas extrínsecas, se atirarão sobre ele, pois – sabe-se lá por quê... –
esta ação tem significado para os cães. Desta forma, sempre que aparecer um
gato, eles escolherão caçá-lo e se energizarão para tanto, querendo o dono ou
não. Agora sim falamos de motivação.
Maslow ensina que líderes são
capazes de dar significado ao trabalho dos subordinados, obtido com
comunicação, participação, equipe, reconhecimento, empowerment. Chefes não líderes apenas exercem a
prerrogativa que o cargo lhes dá para premiar ou punir:
provocam apatia, desinteresse pelo trabalho e conformismo nas equipes.
As políticas de
recursos humanos em algumas empresas deturpam o conceito de meritocracia. Caso
você seja chefe em uma empresa orientada para o truque do chicote ou truque da
sedução, provavelmente foi selecionado e promovido por compartilhar destes valores. Talvez a última coisa que lhe importa sejam discussões relativas à
ética e humanização do trabalho, porém considere sua responsabilidade sobre qualidade
de vida de seus subordinados.
Se isto não for
argumento, compreenda que você estará obtendo resultados pela metade: chefiar
não é só propor e conquistar metas mais altas a cada ciclo orçamentário; é
desenvolver as competências das pessoas, gerar sinergia pelo trabalho em
equipe, formar sucessores. A ausência dos componentes motivacionais reais (afeto, participação, diferenciação,
autorrealização) pode ser a causa da alta rotação de pessoal, de reclamações
trabalhistas, baixo desempenho e falta de compromisso.
Se ainda não
estiver convencido, esqueça este texto, estabeleça metas mais exageradas a cada
ano; premie com gratificações polpudas os vinte por cento que as superarem;
ameace os cinquenta por cento que as atingiram, demita os trinta por cento de
menores desempenhos. E que Deus tenha piedade da sua alma!
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Veja texto completo, exemplos, ferramentas e conceitos em DONADIO, MÁRIO - Chefiar, simples assim!... Qualitymark. Capítulo 4: Motivação, participação e compromisso.
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