A grande importância do RH em tempos de crise


Crédito da imagem: gratispng.com/

 A dinâmica do mundo corporativo se assemelha a uma jornada tumultuada pelos oceanos do capitalismo, onde as empresas são as naves, suas metas são os portos, e as ondas são os obstáculos imprevisíveis que podem definir o sucesso ou o fracasso dessa viagem.

No oceano do mundo dos negócio as empresas navegam em busca de seus objetivos estratégicos e seus portos seguros. Este mar não é calmo e, à medida que as placas tectônicas do processo sócio-históricos se movem, as ondas — algumas pequenas, outras, tsunamis — são os desafios inerentes às crises contemporâneas, que testam a capacidade das empresas de se manterem à tona.

As crises econômicas são produto das contradições no sistema financeiro global, enquanto as transformações tecnológicas surgem das contradições entre capital e trabalho. Quando os gestores de RH definem políticas e práticas para resolver os problemas da cozinha da nave, e não para enfrentar os movimentos que produzem as ondas pequenas ou grandes, contribuem para o desastre, às vezes para o naufrágio. As crises resultam de eventos macroeconômicos, como bolhas especulativas ou recessões; as áreas de Recursos Humanos desempenham um papel crucial na navegação segura por estas águas turbulentas. Estas crises trazem consequências para as empresas, incluindo redução de receita, aumento de custos e redução de empregos. Os problemas enfrentados pelas empresas são resultados diretos das contradições e conflitos inerentes ao capitalismo.

Empresas como a Lehman Brothers e a Enron — na crise do capitalismo de 2008 que ainda não superamos —  nos ensinaram a dura lição de que esta cegueira pode destruir impérios empresariais. As razões por trás destes problemas são multifacetadas: em 2020, uma multinacional do setor de tecnologia, teve que reduzir seu quadro de funcionários em 20% devido à crise econômica causada pela pandemia de COVID-19. Precisou lidar com o processo de demissão de funcionários e com a implementação de um novo programa de reestruturação. Uma empresa brasileira do setor de varejo sofreu uma redução de receita de 30% em 2021 devido à crise econômica causada pela inflação; precisou reduzir o orçamento de treinamento e desenvolvimento em 50%.

As razões por trás desses problemas críticos incluem a interação complexa entre fatores sócio-econômicos, políticos e tecnológicos; são as ondas sócio-históricas na nossa metáfora. As causas destes problemas estão ligadas à falta de agilidade do RH para compreender estas ondas. As consequências podem ser negativas para os funcionários, para a produtividade e para a capacidade das companhias de atingir suas metas estratégicas. A miopia focando apenas os lucros a curto prazo negligencia o desenvolvimento de talentos e a gestão sustentável das equipes de trabalho, falta de resiliência e flexibilidade das organizações para se adaptarem às crises econômicas.

Navegar nos oceanos do capitalismo é um desafio constante, e as áreas de RH continuam a ser a bússola confiável que orienta as empresas em direção aos seus objetivos estratégicos, mesmo quando enfrentam as ondas sócio-históricas mais agitadas; isto significa que a gestão de recursos humanos precisa considerar não apenas as necessidades a curto prazo, mas também as implicações a longo prazo, como a retenção de talentos, o desenvolvimento de lideranças e a cultura organizacional; ascensão da tecnologia e a crescente importância da diversidade e inclusão; equilibrar as necessidades dos funcionários com a necessidade de reduzir custos. ❂

Para saber mais:

Almeida, M. S. (2020). Crises econômicas e gestão de pessoas: um estudo das práticas de RH em empresas brasileiras. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina.

Marx, K. (1985). O capital: crítica da economia política. Volume 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Silva, A. B. (2021). RH estratégico: como a área de recursos humanos pode contribuir para o sucesso da empresa. São Paulo: Saraiva.

SENZALA VIRTUAL - DA CAPTURA DO CORPO À CAPTURA DA ALMA PELO RH DAS EMPRESAS. Mário Donadio. Lançamento em JUNHO de 2024.

 Os Desafios das Crises Financeiras e Globalização nas Praticas de Salario e Emprego


Já passou da hora dos gestores de RH assumirem sua responsabilidade social e compromisso de maneira rigorosa e comprometida com valores que, além de éticos, são essenciais para o sucesso das organizações.

Desde a crise financeira de 2008, o cenário global tem enfrentado mudanças significativas que impactaram diretamente as práticas de salário e emprego nas empresas. A combinação de crises financeiras recorrentes e a acelerada globalização trouxeram desafios complexos para os gestores de RH que devem responder a estas mudanças de maneira responsável, humana e estratégica.

A austeridade fiscal resultante levou muitas empresas a restringir suas políticas salariais e de emprego, frequentemente prejudicando os trabalhadores. A pressão para cortar custos levou a demissões em massa, congelamento de salários e reduções de benefícios, afetando perversamente os empregados de nível mais baixo na hierarquia.

A terceirização e precarização dos empregos se tornaram práticas comuns. A busca por mão de obra barata exorbitou as desigualdades salariais e a exploração dos trabalhadores, que aceitam estas condições por não verem alternativa para sua subsistência e de sua família.

Sim, nesta concorrência agressiva entre as empresas o RH tem enorme papel desde a seleção dos melhores, mantê-los na organização e comprometê-los com os resultados empresariais. Porém os únicos geradores de riqueza são os recursos humanos. Não esquecer que são humanos e como humanos devem ser administrados.

O RH deve equilibrar as necessidades da empresa e o bem estar dos empregados. Muitos gestores têm uma visão míope, ou requentada do fordismo de 1960, focada exclusivamente na redução de custos, negligenciando o impacto em longo prazo na relações trabalhistas e até na reputação da empresa.

Os gestores de RH devem convencer seus pares da importância do investimento nos empregados, promoção do desenvolvimento profissional e garantia de condições de trabalho justas. Faz parte de suas obrigações a respeitar a diversidade e a inclusão, promovendo um ambiente de trabalho onde todos tenham oportunidades iguais.