Poder, desempenho e liderança


Os programas de treinamento, tentando humanizar as práticas de gestão dos chefes e líderes, muitas vezes são mal compreendidos. O pêndulo balança do autoritarismo predatório do clima para o equívoco da ausência de influência, como se o exercício do poder fosse um pecado do líder. Marcelo Galvão, no seu novo livro Gestão de Desempenho, o Poder do Líder Educador, ajusta os conceitos e deixa bem claro que “É preciso assumir o poder. É preciso não abusar do poder”. Faz isso não caindo nos reducionismos dos livros de auto-ajuda, mas em uma emocionada dissertação sobre o direito que o líder tem – não as ferramentas que deve usar – de exercer seu poder, tenha ou não recebido esta delegação, promovido ou não ao cargo de chefia.

Poder não é autoridade, poder é influenciar. O medo do chefe em exercer o seu poder camufla na verdade a opção pela segurança e sedução de seus subordinados. O preço é a não realização. Aqui a grande mensagem: realização pessoal, não apenas resultados ou metas empresariais. Na tentativa de agradar a todos, as chefias podem buscar a sensação do poder; um passo para batalhar pelos símbolos do poder e títulos pseudo-honoríficos. Portanto, não exercem o poder – são garotos de recados da alta administração – seus subordinados percebem, e todos são cúmplices do feliz termo inventado por Marcelo: vitimez.

Avaliação de desempenho também recebe um refinamento conceitual, escapando das formuletas e elevando o ato de avaliar à essência do termo e na dimensão filosófica de “apoiar cada membro da equipe... ampliar a participação do subordinado, estimulando o autodesenvolvimento”. Assim, o poder do líder – seu direito/dever de influenciar, a busca de sua realização pessoal, vincula-se aos mais nobres resultados de ser um transformador da cultura e educador de pessoas.

Poder e desempenho, nos capítulos que tratam dos temas no livro, são suficientes para valer a leitura – de lápis na mão grifando as verdades do texto - mas alguns pontos são bônus gratificantes. Por exemplo, quando diferencia processos de feedback, correções de comportamento no dia a dia, da avaliação de desempenho, processo metódico com características de coaching. Tomara as empresas aprendam a dar nome correto às reuniões que propõem aos chefes após os ciclos anuais de avaliações formais.  Além disso, as  bem humoradas metáforas que abrem e fecham o livro sobre a Branca de Neve e o poder da madrasta e Pinóquio com seu coach Grilo Falante e apoio da Fada Madrinha, nos permanentes feedbacks para, através da avaliação de desempenho, deixar de ser um boneco de pau (um chefe marionete?) e se transformar em gente (um chefe líder?).

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GESTÃO DE DESEMPENHO, O PODER DO LÍDER EDUCADOR – Marcelo Galvão – Navegar 2012 (11 3482-5055) ISBN: 978-85-7926-033-9

Um comentário:

  1. Prezado MÁRIO DONADIO:

    Fiquei interessado e curioso, parecem dicas muito precisas dessa questão tormentosa que é a gestão de pessoas.
    Vou ler esse livro e o seu "Chefiar Simples Assim".
    Abs.

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