Matemos o Vampiro 6 - Darwin e Spencer

A miséria dos menos favorecidos é culpa deles mesmos. Liberdrácula procura incutir esta ideia através de sua corte de vampiros que precisam justificar aos aldeões porque e como se alimentam sugando suas energias. Assim, conservando o estado de fragilidade deles, têm sempre a garantia de que não lhes faltará com o que se alimentar.

Charles Darwin - naturalista britânico nascido em 1809 - cria problema até hoje com sua Teoria da Evolução. É execrado pelo que não disse: "nossos avós eram macacos". Nada a ver com sua Teoria de Origem das Espécies pela seleção natural. O que acontece aos bichos e plantas não ajuda muito Liberdrácula a dar à sua corte de vampiros a justificativa para explorar os aldeões. Quem fez a máxima bruxaria foi outro cientista, com ideologia muito conveniente para o castelo.

Herbert Spencer - sociólogo liberal clássico, nascido em 1820 - embrulhou os conceitos biológicos com filosofia e cultura, bem ao gosto da amoralidade vampiresca. É dele, e não de Darwin, a expressão sobrevivência do mais apto. Pouco se importava com comprimento do pescoço das girafas ou com a tromba dos elefantes, mas sim com a pregação de que os aldeões menos aptos deveriam ser deixados á sua sorte. Se morressem pior para eles e melhor para a espécie humana que evoluiria como um todo pela seleção natural.

A lei do mais forte interessa muito aos vampiros, que mandam imprimir folhetos, estimulam panfletos liberalóides lidos pelos aldeões e vampiros, pregam cartazes de estímulo à competição pelas paredes do castelo e criam políticas de erradicação dos menos capazes, segundo o único critério de servir aos interesses do castelo, não à sua dignidade de humanos. Mais aldeões se convencem a cada dia de que isso tudo é justo. Liberdrácula arreganha seus dentes e mostra seus caninos. Acredita firmemente que vencerá.