Matemos o Vampiro 05 - KANT

Liberdrácula, como conhecem os leitores das quatro postagens anteriores da série Matemos o Vampiro – Touraine, Weber, Freud, Adam Smith e Nash –, é o sacerdote maior dos liberalóides que infectam a gestão das empresas, desumanizando o trabalho, transformando os gestores em vampiros, sugadores da energia uns dos outros, reduzindo pessoas a recursos exploráveis e descartáveis. Seu grande problema é a necessidade de manter o seu poder. Faz isso sustentando paradigmas amorais, que para serem aceitos pelos aldeões devem se disfarçar com máscaras de nomes aceitáveis: meritocracia, para competição desenfreada; compromisso com o castelo, para eliminação da vontade própria; foco no trabalho, para falta de qualidade de vida; disciplina, para submissão.

Emmanuel Kant – filósofo prussiano, viveu de 1724 a 1804 – é conhecido pela afirmação de que existe uma moral única que explica todas as outras obrigações morais: o Imperativo Categórico. Uma das expressões deste imperativo, que Kant denominou de Fórmula da Humanidade, afirma que as pessoas devem ser sempre a razão moral das ações; nunca meramente um meio para produzir resultados. Se este imperativo substituir os paradigmas vigentes, que colocam a produção do castelo como finalidade única, última e absoluta e as pessoas apenas recursos humanos para alcançar esta finalidade, Liberdrácula seria destronado. Os aldeões compreenderiam que o palavreado que lhes impingem não é a realidade objetiva, mas a representação de falsidades subjetivas que interessam aos vampiros.

Disse Kant – também interessado por Astronomia – que sobre ele havia um céu estrelado e dentro dele as estrelas da moral. Um dia os aldeões assumirão que podem agir de tal forma que cada uma de suas ações se torne um princípio moral da humanidade. Aldeões não precisam de falsos profetas, cada um pode compreender que toda reforma interior e toda mudança depende exclusivamente da aplicação obstinada de seu próprio esforço. Neste dia, Liberdrácula, junto com sua amoralidade e idéias exumadas do Século 18, tidas como de vanguarda nestes tempos liberalóides, voltará ao submundo de onde nunca deveria ter saído.

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