No oceano do mundo dos negócio as empresas navegam em busca de seus objetivos estratégicos e seus portos seguros. Este mar não é calmo e, à medida que as placas tectônicas do processo sócio-históricos se movem, as ondas — algumas pequenas, outras, tsunamis — são os desafios inerentes às crises contemporâneas, que testam a capacidade das empresas de se manterem à tona.
As crises econômicas são produto das contradições no sistema financeiro global, enquanto as transformações tecnológicas surgem das contradições entre capital e trabalho. Quando os gestores de RH definem políticas e práticas para resolver os problemas da cozinha da nave, e não para enfrentar os movimentos que produzem as ondas pequenas ou grandes, contribuem para o desastre, às vezes para o naufrágio. As crises resultam de eventos macroeconômicos, como bolhas especulativas ou recessões; as áreas de Recursos Humanos desempenham um papel crucial na navegação segura por estas águas turbulentas. Estas crises trazem consequências para as empresas, incluindo redução de receita, aumento de custos e redução de empregos. Os problemas enfrentados pelas empresas são resultados diretos das contradições e conflitos inerentes ao capitalismo.
Empresas como a Lehman Brothers e a Enron — na crise do capitalismo de 2008 que ainda não superamos — nos ensinaram a dura lição de que esta cegueira pode destruir impérios empresariais. As razões por trás destes problemas são multifacetadas: em 2020, uma multinacional do setor de tecnologia, teve que reduzir seu quadro de funcionários em 20% devido à crise econômica causada pela pandemia de COVID-19. Precisou lidar com o processo de demissão de funcionários e com a implementação de um novo programa de reestruturação. Uma empresa brasileira do setor de varejo sofreu uma redução de receita de 30% em 2021 devido à crise econômica causada pela inflação; precisou reduzir o orçamento de treinamento e desenvolvimento em 50%.
As razões por trás desses problemas críticos incluem a interação complexa entre fatores sócio-econômicos, políticos e tecnológicos; são as ondas sócio-históricas na nossa metáfora. As causas destes problemas estão ligadas à falta de agilidade do RH para compreender estas ondas. As consequências podem ser negativas para os funcionários, para a produtividade e para a capacidade das companhias de atingir suas metas estratégicas. A miopia focando apenas os lucros a curto prazo negligencia o desenvolvimento de talentos e a gestão sustentável das equipes de trabalho, falta de resiliência e flexibilidade das organizações para se adaptarem às crises econômicas.
Navegar nos oceanos do capitalismo é um desafio constante, e as áreas de RH continuam a ser a bússola confiável que orienta as empresas em direção aos seus objetivos estratégicos, mesmo quando enfrentam as ondas sócio-históricas mais agitadas; isto significa que a gestão de recursos humanos precisa considerar não apenas as necessidades a curto prazo, mas também as implicações a longo prazo, como a retenção de talentos, o desenvolvimento de lideranças e a cultura organizacional; ascensão da tecnologia e a crescente importância da diversidade e inclusão; equilibrar as necessidades dos funcionários com a necessidade de reduzir custos. ❂
Para saber mais:
Almeida, M. S. (2020). Crises econômicas e gestão de pessoas: um estudo das práticas de RH em empresas brasileiras. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina.
Marx, K. (1985). O capital: crítica da economia política. Volume 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Silva, A. B. (2021). RH estratégico: como a área de recursos humanos pode contribuir para o sucesso da empresa. São Paulo: Saraiva.
SENZALA VIRTUAL - DA
CAPTURA DO CORPO À CAPTURA DA ALMA PELO RH DAS EMPRESAS. Mário Donadio.
Lançamento em JUNHO de 2024.