Um blog com idéias sobre empresas, estratégias, mudanças organizacionais,treinamento e desenvolvimento, cultura, equipes, gestão e liderança.
Tarefa do líder: bater metas; educar pessoas.
Um líder deve fazer que as metas sejam cumpridas e, para tanto, precisa que seus subordinados façam as coisas certas. As habilidades de chefia e liderança são ferramentas que o líder, com determinação e competência, usa para conseguir resultados e mostrar à sua equipe como agir para que aconteçam.
Conhecer seu estilo de liderança é uma boa razão para o líder avaliar o quanto pode contribuir para o êxito de sua equipe encontrando as melhores respostas às situações cotidianas do trabalho. Entretanto, estas escolhas podem gerar um falso dilema sobre se o líder, para produzir resultados, deve privilegiar decisões que garantam os métodos, processos e metas a serem atingidas; ou cuidar da motivação, crescimento de sua equipe e do clima de sua unidade.
Não há conflito entre produzir resultados e satisfação das pessoas. As escolhas não se excluem: por que não usar o poder do cargo para desenvolver pessoas e equipes? O que impede usar a criatividade para garantir a previsibilidade, ordem e flexibilidade nos processos?
Seja qual for o estilo gerencial, é pela superação das metas que o líder será avaliado. Quanto mais seus subordinados e equipes forem competentes mais ganhos ele terá, mais será capaz de alcançar resultados e, ao mesmo tempo, desenvolver as competências das pessoas.
AS VIÚVAS DE TAYLOR E A CRISE GLOBAL
Entre computadores de última geração, em salas de reuniões bem
decoradas, estão sendo discutidas as melhores estratégias para dotar a empresa
de vantagem competitiva frente aos desafios da globalização. Ouvidos mais
atentos poderão captar o arrastar das correntes do fantasma de Taylor, mal
assombrando os arremedos de propostas de meritocracia e empowered, mas com soluções que degradam as pessoas ao nível de
arruelas pouco importantes na máquina produtiva.
Institutos internacionais respeitáveis alertam que se deve
reduzir em escala mundial o desemprego, mesmo nos países industrializados,
antes que as estruturas econômicas sejam abaladas pelo alto custo social que
representa.
Assustam a Europa os trabalhadores
nômades, muitas vezes técnicos especializados, vagando de país a país vítimas
da redução dos prazos dos contratos de trabalhos e ausência de garantia de
continuidade de emprego.
Ninguém ignora que somente quem estiver pronto para entregar
produtos e serviços personalizados, a preços cada vez menores, terá chances nos
mercados com exigências sempre maiores. Portanto, ter empresas enxutas e
flexíveis é a única escolha. O erro está em imaginar que o único caminho é o cortes
de pessoal e outras medidas que pareceriam corretas se não estivessem isoladas
de decisões gerenciais mais complexas, capazes de dar as respostas que o novo
mundo dos negócios exige.
Cortando cabeças
Uma velha piada de consultores conta que o filho de um
industrial, ao ser indagado se ia tudo bem na empresa que herdara, respondeu:
"a única coisa que me atrapalha, para que eu tenha sucesso, são as
pessoas!"
O que muitos imaginam ser programas de eficiência
estratégica, muitas vezes não passa de um espanar na poeira das velhas idéias
que Taylor pregava no começo do século passado, escondidas no fundo dos
armários por executivos envergonhados de aplicá-las, mas saudosos do tempo em
que se livrar das pessoas era o melhor caminho para resolver problemas de
produtividade.
A enorme crise social que organismos internacionais estão
apontando para os próximos anos poderá ser resolvida através de medidas
governamentais que geralmente se resumem na criação de mais regulamentação
restritiva e aumento de impostos. O outro caminho está nas próprias empresas.
As viúvas de Taylor
devem ser neutralizadas e os empregados tratados sem paternalismo. Entretanto,
é um desperdício destruir valores e talentos cultivados na empresa, jogar no
chão da fábrica o clima e a motivação em troca de economia de uns poucos por
cento do faturamento. O mesmo resultado
poderia ser obtido por melhorias nos processos, mais qualidade nas vendas,
estímulo à criatividade, mais serviços aos clientes.
A estratégia para o aumento da produtividade, quando
pensamos nas pessoas como oportunidades não como ameaças, está em aumentar sua
capacidade de agregar valor aos produtos e serviços e não em cortar suas
cabeças para reduzir as despesas.
Administração
Estratégica
Quando levantamos os olhos das planilhas de custos somos
capazes de ver a empresa de verdade batalhando em seu mercado: há uma complexa
atividade tentando maximizar os aparentemente incompatíveis desejos dos
acionistas por melhores resultados, dos clientes por mais diferenciação e menor
preço e dos empregados por melhor qualidade de vida.
A liderança estratégica exige agora que empresas de sucesso
considerem o impacto de suas decisões no delicado equilíbrio social, não apenas
no mercado onde atua, mas no contexto do país e do mundo.
É verdade que muitos trabalhadores, executivos inclusive,
foram atropelados pelas exigências de maior capacitação profissional e que a
empresa não tem alternativa que não seja privilegiar os mais capazes. O que não
se pode é tratar como sucata os que sobraram, ou deixá-los por conta de
programas assistenciais do governo, que ao final acabarão sendo pagos pelas
próprias empresas.
Não se pode também cruzar os braços, deixando de tomar
decisões hoje que poderão nos livrar daqui a alguns anos de estarmos diante de
mais uma lista de cortes. Ou pior, relacionados em uma delas.
Os líderes, com a mesma força que em poucos anos
reorientaram suas organizações para melhor atender o consumidor, precisam
estimular reformas em suas políticas de recursos humanos, dando mais atenção à
construção de visão, valores, cultura, dignidade das pessoas e tomar para si a
responsabilidade de promover a educação e reciclagem de seus quadros. Não
apenas através dos tradicionais programas de treinamento, porém tornando a
empresa inteira um espaço de criação do saber, aprendizagem e desenvolvimento.
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