Se você não tem cargo de chefia, provavelmente no linguajar
politicamente correto de sua empresa é chamado de “colaborador”. Eu sempre
gosto de provocar em minhas palestras: se alguém se recusar a colaborar o que o
chefe fará? Assim como a cegonha não traz os nenês, quem não for chefe é
subordinado, e ambos são empregados. O
termo empregado é correto, pois a empresa os emprega na sua operação com o
objetivo de produzir resultados. Gerentes participam de treinamentos, chamados
de liderança, para que aprendam a subordinar os interesses e energias dos
empregados aos objetivos que lhe são impostos. Como se diz: “manda quem pode,
obedece quem tem juízo”.
Seja qual for a gíria adotada na sua empresa, você ganhará
muito se adotar internamente outra postura, outra forma de ver sua relação com o
patrão que o emprega e lhe impõe um chefe a quem deve se subordinar.
Considere-se como um empreendedor, dono de um negócio que presta serviços à empresa
em uma troca de interesses no qual você entrega resultados e recebe pagamentos em forma de salário. Portanto, seu chefe passa a ser o interlocutor
de seu cliente e você não é mais subordinado ou empregado, porém alguém com um contrato empreendedor com a empresa.
Dito de outra forma: seu patrão é você.
Ter a postura sem ter as ações que ela inspira não basta;
você precisa ter empowerment um termo
em inglês que pode, com alguma boa vontade, ser traduzido como empoderado.
Isto significa que neste contrato empreendedor que você manterá com a empresa o
poder é seu e não do chefe. Você – patrão de si mesmo – fará o máximo que for
capaz dentro de sua competência e exigirá que lhe paguem o máximo que puder
ganhar com o valor agregado que seu trabalho produzirá para seu contratante.
Claro que para isso você deverá ser competente; cuidará de
agregar valor a si mesmo e não ficará esperando treinamentos no qual alguém decidirá
por você o que lhe seria útil; também deixará de reclamar por planos de carreiras
que decidirão onde você deve estar, ou quanto deverá ganhar em sabe Deus
quantos anos. Mas fique esperto: a melhor empresa para se trabalhar não é
aquela com o melhor plano de benefícios, mas a que lhe proporcionará melhores
condições de crescimento da sua empregabilidade. Lembre de uma regrinha: o
organograma afunila para cima e, quanto mais você sobe na carreira, menos
oportunidades terá de ser promovido. Não se esforce por galgar a hierarquia, se
esforce para ser imprescindível em qualquer nível e não se esqueça de cobrar
bem por isso. Se acabarem as oportunidades em sua empresa, esteja pronto para
“contratar” outra empresa para prestar seus serviços.
Não se preocupe muito com as avaliações de desempenho
formais; se forem tecnicamente bem elaboradas e conduzidas refletirão seu real
valor, mas nem todas as empresas medem o seu empreendedorismo e empowerment, muitas delas – embora
neguem – ainda se restringem a medir seu trabalho por critérios burocráticos.
Gestão do desempenho é mais do que preencher formulários complexos. Supondo que
sejam bem feitas, ainda há um problema: o seu mérito dependerá da boa vontade de
um superior e nem sempre ele dedicará tempo para atribuir com critério os
pontos em cada requisito; poucos terão capacidade de orientar você para superar
suas dificuldades. Avalie-se a si mesmo.
Você contrataria alguém para fazer as entregas que você faz, recebendo o que
você recebe? Seu trabalho agrega valor
perceptível aos resultados financeiros, satisfação do cliente, qualidade dos
processos, inovação e criatividade? Se sim, prove para a empresa e exija melhor
remuneração. Se não, cuide de aperfeiçoar sua capacidade. Caso contrário, não
reclame da injustiça das avaliações.
Quando assumir o empowerment
e a postura empreendedora não terá mais de ser dependente dos joguinhos de
poder que existem nas empresas onde todos são alpinistas de organograma. Portanto,
não temerá ser assertivo, colocará suas opiniões com honestidade, não se
sentirá obrigado a sempre concordar com o que parece determinar a tão
injustiçada cultura da empresa. Defenderá seus pontos de vista e assumirá
responsabilidades – e as consequências – de suas decisões. A continuidade do
seu contrato estará garantida pelos resultados que entrega e não pela
subserviência aos poderes.
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